No centro das atenções da onda de ciberataques no mundo todo, o bitcoin, a moeda virtual mais famosa, dará um salto astronômico este ano no País, segundo o portal bitValor. Apesar da crise econômica, a movimentação multiplicará por três e chegará a R$ 1,3 bilhão.
Porém,
o pedido de pagamentos em moedas virtuais pelos criminosos para
devolver dados criptografados das empresas roubadas ajudou a levantar
dúvidas sobre esse dinheiro revolucionário. Afinal, ele circula
livremente, sem regulação dos bancos centrais ou controle de gigantes
bancários.
“O grande trunfo do bitcoin
é pela liberdade de uso e a não estatização ou controle do governo,
como ocorre com o dólar, euro e real”, afirma o CEO (principal
executivo) e fundador da PagueComBitcoin e Bitcambio, Thiago Yield.
Já
o fundador e CEO da Blinktrade, Rodrigo Souza, afirma que a exposição
da moeda virtual no noticiário despertou o interesse pela rapidez e
baixo custo das operações. “A notícia não prejudicou e a demanda(por
bitcoins) até cresceu”, diz ele.
De acordo com Souza, o movimento triplicou em relação a três semanas. “Eles (usuários) viram que o bitcoin funciona”.
A
primeira impressão que se tem do bitcoin é que, por ser uma transação
anônima e sem controle, é palco para negociações obscuras. Advogado
especializado em Direito Digital do escritório PPP Advogados, Márcio
Chaves, explica que não é bem assim.
Segundo
Chaves, o bitcoin é usado tanto por um prestador de serviço que precisa
de agilidade e pouco custo como por alguém que quer dificultar a
identificação da transação.
Chaves,
entretanto, diz que o bitcoin é transparente. Esse sistema tem código
aberto e é possível visualizar em tempo real as operações feitas pelo
mundo – de quem emite ou remete a moeda virtual.
As
operações são realmente anônimas, mas, lembra ele, se os valores forem
grandes, as polícias internacionais poderão investigar e rastreá-los
mesmo que difícil. “Não se pode achar que o bitcoin é obscuro, pois há
histórico de transações e aparece a movimentação de uma carteira para
outra”.
Enquanto, os governos tentam
entender os ciberataques – onde ocorreu mais um – as transações de
bitcoins crescem a passos largos. O movimento estimado pela bitValor
para este ano, de R$ 1,3 bilhões, é bem inferior ao de apenas um dia na
BM&FBovespa, que ontem operou R$ 8 bilhões.
Entretanto,
o avanço das cifras das moedas virtuais faz brilhar os olhos de
empreendedores digitais como Souza e Yield. No Brasil, saltou de R$ 44
milhões em 2014 para R$ 113 milhões em 2015 e R$ 363 milhões no ano
passado.
O
próprio portal da bitValor parece o de uma bolsa. O destaque é o da
cotação da moeda virtual. Para comprar um bitcoin ontem às 21 horas em
ponto eram necessários R$ 6.662,86. Após o repórter digitar esse número,
já tinha subido para 6.664,62.
Apesar
das notícias de ciberataques, a oscilação da cotação do bitcoin é hoje o
grande tema sobre a moeda virtual. No final de abril, depois de subir
27% em um só mês, o valor fechou a R$ 4.549,21. De lá até ontem, a
elevação foi de 46%.
Souza, que
trabalha em Nova Iorque e fundou uma bolsa de bitcoins (a Blinktrade
conecta vários corretoras ao redor do mundo, viabilizando a circulação
da moeda virtual), descarta uma bolha (quando em algum momento o mercado
toma ciência de valores irreais e as cotações derretem).
Conforme
ele, a valorização é fruto da demanda de pessoas que precisam de
agilidade e baixo custo para movimentar dinheiro. “Seu valor cresce
exatamente por ser útil para quem precisa fazer remessas, por exemplo”.
O
bitcoin foi criado por um programador sob o pseudônimo de Satoshi
Nakamoto – ele descobriu que era possível transacionar divisas sem um
emissor (um banco, por exemplo). Os bitcoins ficam em uma espécie de
carteira nos computadores e, nas operações, circulam criptografados em
redes, conferindo segurança ou impedindo que o valor seja duplicado.
A
forma mais fácil de obtê-los é comprar de corretoras. Para o dinheiro
circular, instale a carteira de bitcoins em seu computador (veja site
bitcoin.org/pt_BR) para gerar seu endereço da moeda, sendo que a outra
ponta da transação precisará de outro endereço. Cada operação se
assemelha ao envio de um e-mail, porém, que ocorrerá só uma vez.
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